sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vazio - Parte III



(...) Toda essa ausência sempre esteve dentro de mim, durante a vida inteira, mas o que me fazia querer ela em minha vida era essa paz, que só ela me passava, a total segurança, um prato cheio pras minhas incertezas. Até o fim. Não o fim do amor, ou da dor, das patéticas palavras, dos inúteis atos sejam eles quais fossem e sim o fim da carne, do devaneio de existir.
A morte, eu nunca a vi tão de perto, nos meus braços, entre meus olhos, rasgando minhas veias e testando meu limite entre o real e o imaginário. O êxtase de se perder um alguém para um vácuo profundo e sombrio que você não pode ver, somente sentir, é um golpe desonesto da vida e acredite ela nunca lhe dará pelas costas.
Adentrei a sala, lá estavam alguns conhecidos, amigos, e parentes, alguns pálidos desviavam o olhar para as paredes ignorando a hipótese de olhar o corpo ali, em alguns podia-se perceber a face molhada por recentes lágrimas, ambos evitando encarar a ausência de alma no corpo que ali estava.
Desde o ocorrido, eu apenas observei os fatos e refleti sobre as coisas, sempre me perguntando quando iria acordar para poder rir de tudo, mas cada segundo ali olhando me fazia pensar no real. De fato, aconteceu e estava lá.

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Dedicado: Paula Regina (f)
Texto: Jéssica Caroline
Foto: Pamela Bernardes

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